sábado, 29 de janeiro de 2011

Para onde vai o sentimento? Essa pergunta precisa ser feita do alto de uma escada com o peito estufado, respiração ofegante. Para onde vai o sentimento? São quase quatro da manhã, eu viajo logo após o meio dia. Para onde vai o sentimento? Por que deitados, no escuro, falamos tantas besteiras apaixonadas? Para onde vai o sentimento? Por que as mensagens de que estava feliz, de que tudo foi rápido e intenso? Para onde vai o sentimento? O que você fez com o seu? O que eu faço com o meu? Daí nos encontramos por aí, cada qual querendo mostrar que está bem, feliz, que não precisa do outro. Duas crianças. Dois apaixonados. Duas pessoas que se precisam. Para onde vai o sentimento? Por que eu tinha uma escova de dentes aí? Para onde vai o sentimento? Trocamos sms, conversamos e não chegamos a lugar nenhum. Eu sei que foram só dois meses, mas... Para onde vai o sentimento? Sentimento assim a gente deleta? Me sinto enganada por anjos. Porque a gente estava sim se amando, apesar de todo o medo, de ninguém entender nada, mas nada disso importa porque alguém correu e levantou a plaquinha do ''não vai dar certo''. Para onde vai o sentimento? Justo tu. Tu que eu escolhi. Escolhi pra fujir de tudo o que existe de mal e de feio nesse mundo. Escolhi pra dividir tudo o que existe de melhor em mim. Tu que nem notou, mas eu abri meu coração. Tu que me abraçava pra eu dormir segura. Tu que eu nunca conseguia ver um filme inteiro. Tu que cuida de mim até quando não é preciso, até quando não deve. Tu, eu, as nossas loucuras. Tu que só de olhar eu ficava boba. Que só de encostar meu corpo já queimava, arrepiava. E eu tentei te explicar isso muitas vezes. Mas não tem explicação. Para onde vai o sentimento? Para onde foi aquele sorriso que não sai da minha mente? E os olhos expressivos? E o movimento das mãos? E o meu coração aqui pulsando. Para onde vai o sentimento? Para onde eu vou agora? Pra que abraço eu vou correr? Vou sentir vontade de ficar pra sempre ali também? Para onde vai o sentimento? Só mais uma de amor, só mais dois que acabou. Isso é cruel, mesmo que seja tão normal. Normal não me serve, não se encaixa, não me satisfaz. Para onde vai o sentimento? Pensei que a gente pudesse criar uma bolha de proteção contra tudo e todos, contra quem não queria a gente juntos, e contra quem tentava nos colocar contra. Uma bolha pra gente ser louco dentro dela. Pra gente rir e se amar dentro dela. Pra não existir mais nada, só nós. Para onde vai o sentimento?  Até que tudo ficou feio. Até tu, que eu acho lindo, ficou feio. Sinto-me com cortes, eu tenho vontade de me fazer cortes. Eu estou retalhada por dentro, me sinto esfolada em carne viva. Para onde vai o sentimento?  E por dentro um buraco, preenchido por baladas, bebidas, trabalho, viagens, livros... Para onde vai o sentimento?  Onde está? Onde foi parar? Onde deixou de ser? Onde parou de nascer? Ainda grita a pergunta. Ei você aí, o que eu faço? Pego o sentimento e coloco na máquina de picar papel? Reaproveito a folha e escrevo atrás? Reciclo? Cancelo? Remarco pra daqui dois anos? Demito? Ei você... Para onde vai o sentimento?  Vamos lá, de pé, seguindo, pra nunca saber, pra nunca entender.  Mas eu continuo pensando... A gente conversando baixinho, rindo sem porque, se amando sem querer, a gente por acaso. Tu, e todos os cheiros do teu corpo. Tu, e o chuveiro ligado o dia inteiro. Nós e o ''juntos?'' Nós de manhã e o lençol bagunçado. Acordar e perceber que nenhum de nós de mexeu. As ligações de madrugada, só pra dizer que sentiu saudades ou pra não dizer nada. Tu me abraçando, beijando a nuca. A respiração mais forte. Eu sentindo milhares de ''coisinhas bonitinhas'' dentro de mim. Eu não sei o que são, não sei tamanho, nem dimensão. Só sei que eram coisinhas bonitinhas. Tu, por exatos dois meses. Para onde vai o sentimento?  Existe tempo? Existe tempo pra sentir o que eu senti? Eu senti sozinha? Que tempo é esse, onde o sentimento se apresenta a mim tão mais forte e mais sábio que as regras de proteção? Que sentimento é esse que quebrou todas as regras? Existem regras? Para onde vai o sentimento?  Quem quer pensar em pouso de emergência quando se está voando, chegando em um mundo melhor? O sentimento como se pudesse ser só mais um, o sentimento da vida de dois meses. O medo de ser só mais um e você único, e tanto sentimento, em tão pouco tempo. Para onde vai o sentimento?  E eu me sinto louca, boba. Eu me sinto tudo e não sinto mais nada. Mas eu prefiro me sentir assim do que me sentir alguém que nunca sente, ou que não pode sentir, ou sem tempo para sentir... Para onde vai o sentimento? Diz pra mim. 



Eu havia prometido para mim mesma e para algumas pessoas que eu iria postar mais freqüentemente no meu Blog. Ao invés disso desde a última postagem consegui apenas 4 rascunho diferentes. Parece que quanto mais eu quero alguma coisa, menos eu consigo tempo para fazer. Eu queria sim, muito, postar todas as vezes que me dá vontade. Quando chega a noite, minha cama se transforma em um divã, eu tenho uma vontade imensa de me levantar e escrever tudo o que passa em minha mente. Por fim, o cansaço me toma. Não vejo que o tempo passou quando começo a pensar... Talvez esse seja um defeito e algo que as vezes me prejudica: querer sempre fazer mil coisas ao mesmo tempo. Como diz minha mãe: ''Abraçar o mundo com as pernas!'' admito, eu não consigo esperar as coisas acontecerem, eu tenho que pelo menos tentar fazer com que elas aconteçam de uma maneira ou de outra. Eu sempre quero fazer mais uma coisa, e sempre tem alguma coisa que fica para trás. Parece que falta tempo, ou que as vezes sobra tempo demais e eu fico alienada em outro mundo. Acho tão feio quando eu escuto alguém dizendo: ''Não tive tempo!'' Esse é um dos meus medos, não ter tempo. Não ter tempo suficiente para passar com as pessoas que eu amo, que eu gosto e que me fazem bem. Não ter tempo para fazer tudo o que eu quero. Não ter tempo de curtir o suficiente os meus irmãos antes de eu sair de casa. O tempo pode ser a solução na maioria das vezes, mas eu fico pensando que as vezes ele também pode ser um problema. Tenho medo que ele passe muito rápido, ou que eu fique parada nele, ou que eu não sinta ele passar. O que acontece de costume. Até comprei um relógio pra ver se eu consigo controlar um pouco ele, mas dificilmente eu olho as horas (quando eu olho, eu sempre estou atrasada!), e as vezes até conto os pontinhos pra saber que horas são. O tempo e eu definitivamente somos algo que não combina. Opostos. E pra quem acha que os opostos se atraem, não, eles não se atraem. As vezes eu fujo dele, quero fazer tudo dentro do menor tempo possível. E quando eu preciso dele, ele me passa a perna, passa voando. Enquanto isso, eu vou fazendo o que eu posso pra viver em harmonia com ele. Uma hora ou outra, alguém tem que ceder... 



sexta-feira, 23 de abril de 2010

Amor e Sexo


Eu, lavando as mãos no banheiro feminino do shopping escuto uma moça falando para outra: ''Ai amiga, eu dei para ele ontem, o que eu faço agora? Ligo?'' E a amiga com a maior calma do mundo, responde: ''Amiga não liga! Existem homens que é só para dar, e o Ricardo, é um deles.'' E isso me fez pensar, as diferenças entre ''só para dar, para amar''.

Dar não é fazer amor, dar é simplesmente dar. Fazer amor é lindo, é sublime, é encantador, é esplêndido. Dar é quando alguém te puxa os cabelos da nuca, te vira sem delicadeza. Dar é porque o cara  te esquenta a coluna vertebral, te amolece o gingado, te molha o instinto. Dar sem querer casar, sem querer apresentar para a mãe, dar porque relaxa. Tem caras que você vai acabar simplesmente dando, não tem jeito. Dar é sem esperar carinho, é sem esperar promessas, dar é não ouvir a palavra futuro. Dar é bom, na hora, durante um mês. Para as desavisadas, anos talvez. Dar é ficar vazia, dar não é ganhar. É não ganhar um ''eu te amo'' baixinho, perdido no meio do escuro. É não ganhar um ombro quando todos os problemas tentarem te abduzir. É não ter para quem dar o primeiro abraço do Ano Novo. É não ter quem apresentar para a mãe, quem querer casar. Dar é inevitável, dê mesmo, dê sempre, dê muito. Mas dê mais ainda, muito mais do que qualquer coisa, uma chance ao amor. Esse sim é o maior tesão, esse sim relaxa, esse cura o mau humor, ameniza todas as crises e faz você flutuar. Enfim, dar é isso e aquilo, o amor é tudo e mais um pouco





  

terça-feira, 30 de março de 2010

Meu mundo azul

Quando eu era pequena, gostava de ficar olhando o céu. Quando eu ganhei uma máquina fotográfica (você leu bem, fotográfica, com filme e tudo) eu tirei várias fotos do céu, do arco-íris e das estrelas. A máquina era azul, sempre que eu tinha que escolher a cor de algo eu escolhia azul. Eu adorava as brincadeiras de sítio, montar barracas com lençóis, desenhos de mapa em caça ao tesouro... Antes de dormir, meus pais liam histórias para mim, minha vó as inventava e  minha tia cantava. Cada um me incentivava a uma coisa, eles sempre me deram total liberdade para ser e ter o que eu quisesse. Eu me pergunto: quantos pais ensinam isso a seus filhos? Me ensinaram a inventar um mundo rico, enorme e possível dentro da minha cabeça. Me ensinaram a viver com coragem dentro de mim. É mais corajoso quem não tem medo de voar pelo mundo, ou quem aguenta ficar dentro de si? Quem é que vai te ensinar essa delicadeza de sentir? Tudo isso tem forte influencia em minha vida. Todas as histórias que eu ouvi, que eu ajudei a inventar, a pureza das brincadeiras, a cumplicidade com os meus irmãos. Eu cresci admirando o meu céu azul, que eu achava que existia só para mim. Um dia olhando o céu, imaginei quantas pessoas poderiam estar fazendo o mesmo. O céu sempre me faz pensar e sentir diversas coisas. Eu sei que não posso tocar, mas eu sei que ele está ali. Será que mais alguém sente o mesmo que eu? Se eu tivesse que escolher um príncipe, como nas histórias, ele seria azul. Azul, acompanhado com toda a diversidade dos meus sentimentos, azul porque não teve medo de atravessar o céu enorme, profundo e escuro. Quando dois corações se encontram, fica azul. Meus pais me deram a capacidade de sonhar, talvez não imaginassem que eu fosse sonhar tanto, mas o resto do mundo é comigo. E se ele não for azul, eu pinto ele. Porque azul é a cor do infinito... 





segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Não imagino um título, para uma cena assim.

Foi ali, em um show para 40 mil pessoas que eu senti o que eu nunca tinha sentido antes, quando o avistei. Um misto entre tristeza e a vontade de começar a chorar e não parar nunca mais. Era um menino usando roupas que provavelmente ele teria ganho, pois eram bem maiores que ele. Falava tão decoradinho que parecia um vendedor de telemarketing, pelo tom de voz notava-se que ele precisava bater metas, e pelo olhar, uma tristeza sem fim. Na cestinha tinha um pano rendado, e doces caseiros imagino eu, preparados pela sua mãe, talvez ajudados pela irmã. E ele o encarregado de vender enquanto o pai talvez esteja procurando emprego, se é que ele conhece o pai. Isso passou em minha mente em questão de segundos enquanto eu analisava, com um aperto no coração, ele humildemente se esforçando para ter forças de continuar vendendo. Ele olhava pro cesto como se imaginasse que sendo um daqueles doces sua vida seria melhor, mais fácil, e menos dolorida. Foi quando me aproximei e ele me lançou um olhar que eu entendi como um apelo de resgate, foi quando eu parei. Foi quando eu senti uma rasteira no coração, uma ardência nos olhos, um nó na garganta... Foi como se eu tivesse sido esmagada pelo sentimento de pena. Pena da minha pessoa, por ser tão ingrata perante a vida que levo e mesmo assim reclamar do que tenho. Perto dele eu senti o cheiro dos bolos, e me deu vontade de comer um. Rapidamente eu lembrei dos meus pais dizendo: ''dar moedas para os meninos do sinal é errado, assim eles vão continuar pedindo'' ou então ''os mendigos pedem dinheiro pra poder comprar bebida alcoólica''. Mas aquele menino eu pensei diferente, se eu comprasse um pedaço de bolo eu estaria colaborando com alguma forma de escravidão, terrorismo ou câncer daqueles que corrói até o fim a vida de uma pessoa. Foi então que eu senti medo, e comecei a pensar nas pessoas que tinham por trás dele. Imaginei uma casa bem humilde, uma mulher com aparência cansada e uma menina sem infância ajudando-a fazer os doces. Imaginei o menino sentado em uma cadeirinha (porque não tinha sofá na casa deles, em meu pensamento) rezando para não precisar sair de novo, para que elas demorassem mais com os doces. O pai eu nem imaginava, que pai admitiria aos filhos uma vida assim? Por um momento, dei um passo para trás e meu pensamento focou na menina sem infância. Ao pensar na minha infância imaginei cores, balões, festa de aniversário. Meu estômago deu um giro, quando me dei conta que a menina poderia, se fosse mais nova que ele ter 5/6 anos de idade e se fosse mais velha 10/11 anos e poderia nunca ter tido uma festa de aniversário. Imaginei como ela deveria se sentir com a mãe explicando que o presente ficaria para a próxima data (porque algum doce ela haveria de fazer para comemorar o aniversário dos filhos) com uma lágrima quase que querendo pular do meu olho. Perdi o chão quando imaginei a dimensão de pessoas que envolve a cada uma criança que vende doces, balas. Cada adolescente que cresce assim e cai nas drogas ou vem a roubar e acaba preso, com um tiro. Senti raiva. Raiva pelo mundo ser tão desigual, das pessoas tão sem coração que existem, do congresso, do governo, e de todo mundo que possa existir no planeta terra. Minha vontade era de subir ao palco, e desviar a atenção de todas aquelas 40 mil pessoas que esperavam anciosamente pelo próximo show sem notar aquele menino. Aquele menino que precisava tanto de atenção quanto os artistas, ele não queria nada mais nada menos do que vender seus doces e voltar para casa. Eu estava me sentindo a pior pessoa do mundo, diante de uma situação dessas, eu não tinha o que fazer. Eu não queria comprar para não colaborar, mas não queria ir embora sem fazer nada. E de impulso dei um abraço nele, e deixei as lágrimas escorrerem pelo meu rosto porque eu não aguentava mais segura-las, meus olhos ardiam muito e a minha visão já estava embaçada. Quando o coloquei no chão, ele me olhou sem reação, sem entender nada. E eu fui embora me sentindo incapaz.
  Termino meu texto com um pensamento do Hans-Joachim Koellreutterr, um maestro alemão que viveu no Brasil: "Aprendam a aprender das crianças o que vocês devem ensinar." Acreditem, eu não sei o nome desse menino, não sei onde ele mora, não sei nada. Mas sinto que aprendi com ele alguma coisa, e espero um dia poder ensinar a alguém. Espero um dia conseguir expressar bem, o que eu senti.




terça-feira, 13 de outubro de 2009

Razão

Hoje um amigo me disse: ''És a felicidade personificada'', e eu achei interessante pensar que é assim que ele me vê. Que eu vivo de sorrisos eu não nego, mas essa postura não tem a ver com a ausência de motivos para a tristeza, ou de um otimismo constante. Acho que a minha felicidade é o reflexo da esperança que carrego comigo, uma esperança que vem da fé. Não sou uma religiosa que segue a risca os costumes, e muito menos que sabe toda a bíblia de cor. Acredito que Deus é uma energia maior e isso me basta. Com o tempo descobri que Deus é artista, é designer, é compositor... Deus é a esperança que nos faz persistir no que queremos, que nos faz consquistar nossos objetivos e transformar nossos sonhos em realidade. Deus é arte, e por isso nos emocionamos ao ver um filme bonito ou ao ouvir uma música. Sem arte o mundo não teria sentido, sem música, sem beleza, sem teatro, sem poesia, sem flores, sem cores, que vazio o mundo seria. Basta abrir os olhos e perceber a exposição permanente de Deus. Existem duas frases religiosas cuja essência me marcaram:  ''No mundo vocês terão aflições'' foi o mesmo Deus que disse ''O vosso coração se alegrará, e a vossa alegria ninguém poderá tirar''. Em meio ao mundo turbulento que vivemos, há motivos sim para se ter esperança, para sorrir. Eu tenho esperença nos meus sonhos, no meu futuro, eu tenho esperança no amor. Deus me deu de presente o melhor alicerce que eu poderia ter, uma família linda, que eu amo com todas as minhas forças. Uma família que me ensina sempre a ser uma pessoa melhor e me ensina a batalhar pelos meus objetivos. Me ensina que o amor é o sentimento mais puro e mais nobre que se pode sentir e que o bem sempre predomina. Que as dificuldades aparecem, mas que juntos somos fortes o suficiente para superá-las. Por esses e outros motivos o meu agradecimento diário à Deus, que continue sempre me dando esperanças e minha família permaneça sempre unida. Se isso não me der esperanças, o que mais dará? Eis o motivo de minha felicidade.