terça-feira, 30 de março de 2010

Meu mundo azul

Quando eu era pequena, gostava de ficar olhando o céu. Quando eu ganhei uma máquina fotográfica (você leu bem, fotográfica, com filme e tudo) eu tirei várias fotos do céu, do arco-íris e das estrelas. A máquina era azul, sempre que eu tinha que escolher a cor de algo eu escolhia azul. Eu adorava as brincadeiras de sítio, montar barracas com lençóis, desenhos de mapa em caça ao tesouro... Antes de dormir, meus pais liam histórias para mim, minha vó as inventava e  minha tia cantava. Cada um me incentivava a uma coisa, eles sempre me deram total liberdade para ser e ter o que eu quisesse. Eu me pergunto: quantos pais ensinam isso a seus filhos? Me ensinaram a inventar um mundo rico, enorme e possível dentro da minha cabeça. Me ensinaram a viver com coragem dentro de mim. É mais corajoso quem não tem medo de voar pelo mundo, ou quem aguenta ficar dentro de si? Quem é que vai te ensinar essa delicadeza de sentir? Tudo isso tem forte influencia em minha vida. Todas as histórias que eu ouvi, que eu ajudei a inventar, a pureza das brincadeiras, a cumplicidade com os meus irmãos. Eu cresci admirando o meu céu azul, que eu achava que existia só para mim. Um dia olhando o céu, imaginei quantas pessoas poderiam estar fazendo o mesmo. O céu sempre me faz pensar e sentir diversas coisas. Eu sei que não posso tocar, mas eu sei que ele está ali. Será que mais alguém sente o mesmo que eu? Se eu tivesse que escolher um príncipe, como nas histórias, ele seria azul. Azul, acompanhado com toda a diversidade dos meus sentimentos, azul porque não teve medo de atravessar o céu enorme, profundo e escuro. Quando dois corações se encontram, fica azul. Meus pais me deram a capacidade de sonhar, talvez não imaginassem que eu fosse sonhar tanto, mas o resto do mundo é comigo. E se ele não for azul, eu pinto ele. Porque azul é a cor do infinito...